Karl Malone: o All-Star da NBA que se Tornou um All-Star dos Charutos


Foto: KMalonecigars

A evolução de um dos maiores nomes da história da NBA, que transformou sua paixão por charutos num negócio de sucesso

Por André Caruso e Andre Miltcheim

Nascido em 24 de julho de 1963, em Summerfield, Louisiana, EUA, Karl Malone teve uma vitoriosa carreira no basquete universitário, jogando pelo Louisiana Tech University, onde ajudou os “Bulldogs” a conquistarem seu primeiro título da NCAA. Em 1985 foi jogar pelo Utah Jazz.

Nas 18 temporadas que jogou no Utah Jazz chegou aos playoffs e disputou duas finais da NBA, em 1997 e 1998. Em 2003 deixou o Jazz e jogou sua última temporada pelos Los Angeles Lakers, ajudando a equipe a chegar às finais. Pela seleção norte-americana disputou as Olimpíadas de 1992 e 1996, ganhando a medalha de ouro as duas vezes.

Karl “The Mailman” Malone, assim ficou conhecido por sempre conseguir entregar ou lançar a bola aos seus parceiros de time. Foi duas vezes eleito o jogador mais valioso da NBA, 14 vezes All-Star da NBA e 11 vezes membro da equipe “NBA All-Star”. Foi o segundo maior pontuador da história da NBA, com 36.928 pontos durante a carreira, ficando somente atrás de Kareem Abdul-Jabbar. Ele detém os recordes da maioria de lances livres convertidos e mantém o recorde de participações no All-NBA selections (empatado com Kobe Bryant e atrás de LeBron James). É considerado um dos maiores jogadores da história.

Como um aficionado por charutos que é, Malone sempre sonhou em ter um charuto que capturasse seu espírito, dentro e fora das quadras. Graças a um amigo em comum, o hall of famer encontrou a La Aurora Cigars, e juntos desenvolveram a linha La Aurora Barrel Aged by Karl Malone.

Como tudo começou?

Eu fui para a Universidade de Louisiana de 81 a 85, mas fui draftado pelo Jazz, onde passei 18 anos e, depois, um com os Lakers. Então me aposentei quando tinha 40 anos. Eu digo às pessoas o tempo todo, eu escolhi basquete quando eu tinha 5 anos de idade e terminei, competitivamente, quando eu tinha 40 anos. Eu passei 35 dos meus primeiros 40 anos jogando basquete. Isso realmente abriu muitas portas para mim e tem sido uma transformação incrível. Essa jornada me levou de uma pequena cidade em Summerfield, Louisiana, com uma população de cerca de 40 pessoas, para o Utah Jazz e o resto é história.

Você é um dos jogadores mais valiosos da NBA, isso é um título?

MVP. Jogador mais valioso, mas eu nunca joguei pelos prêmios, pelosrecordes, apenas joguei o jogo, e isso veio naturalmente; tive a sorte de ter ótimos companheiros de equipe. O basquete é o esporte da minha vida, que comecei como uma maneira de sustentar minha mãe e eu. Daí em diante, comecei a jogar para ser uma pessoa melhor, continuei treinando e trabalhando. É nisso que eu acredito: trabalho duro, dedicação e nunca desistir. Minha mãe provavelmente era a única pessoa que acreditava em qualquer objetivo, qualquer sonho que eu tivesse.

Foto: KMalonecigars

Quais são as principais lições que você aprendeu?

Eu adoro jogar, mas respeito o jogo. Eu trabalhei duro em todas as temporadas, porque você somente se torna um bom jogador quando seus companheiros de equipe são, mas você se torna um excelente jogador quando você utiliza o tempo sem as câmeras, sem a imprensa, sem ninguém por perto; é sempre uma competição para mim. Eu era o pequeno da família, com quatro irmãos, quatro irmãs, mãe solteira, e eu sempre tive essa competição em mim. Nós jogamos para ganhar, mas, na derrota, como você se comporta? Você dá crédito ao outro time, você dá crédito a outra pessoa, e quando você faz isso, você se torna o derradeiro competidor, é o que me impulsionou por todos esses anos, para ser um pai melhor, um marido melhor, um pessoa melhor e isso se traduz nos negócios. Quando cometemos erros, o corrigimos e continuamos, e assim foi a minha carreira. Eu digo à minha esposa e filhos, quando eu jogo, eles jogam, quando eu perco, eles perdem, quando eu ganho, eles ganham. Isso é o que a vida é.

Você está mudando de um jogador de basquete all-star, para um fabricante de charutos all-star. Por que está fazendo essa transição? Claro, você está aposentado, mas por que você escolheu charutos?

Quando acendo um charuto, quero apreciá-lo, e penso muito, porque posso ser quem quiser, estar no lugar que eu quiser, com quem quiser. Eu posso fumar sozinho ou com um grupo de pessoas. Mas eu não fumo charutos com todo mundo, apenas com amigos ou com as pessoas que eu quero. Quando eu sento para degustar um charuto, eu não quero ouvir quem você é, quanto dinheiro você tem, em que casa você vive, que avião você tem ou até mesmo o que você tem. O que eu quero é que você me diga algo sobre você, deixe-me acreditar em você. Eu não te dou um charuto, eu abro meu humidificador ou meu estojo de charuto, e deixo você pegar o seu charuto. Você nunca fuma um charuto com estresse, nunca. Apenas relaxando. Eu tenho paixão por tudo isso, daí porque escolhi fazer charutos.

Por que você escolheu La Aurora?

Eu sou conhecido por não ser uma pessoa muito paciente, mas esse processo me fez ser paciente. Você sabe, a primeira vez que eu fumei com o Sr. Leon ele bateu na minha mão quando eu ia pegar o meu telefone. Ele disse “não!”. Então ele pegou um guardanapo e soprou num buraco pequeno e esperou a fumaça sair bem devagar… Aí disse: “Agora você está sentindo o sabor todo”, me ensinando como obter o sabor completo. Caso contrário, se fizer tudo rápido, estará apenas assoprando. Esta transição para ser paciente iniciou neste momento. Eu tenho que dar crédito a ele. Eu conheci o Sr. Leon e toda a família, eles são os melhores. Este foi um longo processo. Nós não colocamos o meu nome pura e simplesmente, como outros fazem. Isso não é real. Nós literalmente sentamos com o Master Blender Manuel por mais de três anos… eu nem sei quantos charutos eu provei… Mas no final, eu sempre voltava ao mesmo blend. Então eu o escolhi. Basicamente, temos a capa e o capote do Equador e o miolo do Peru, Nicaragua e Dominicana. Fizemos um processo pelo qual deixamos as folhas envelhecendo em um barril por três a seis meses, e é absolutamente inacreditável como o sabor se ajustou. Foi assim que surgiu o Karl Malone Barrel-Aged by La Aurora. É uma fumada incrível, com muitos sabores em um charuto ousado e suave.

Legends é o nome da sua marca, certo?

Legends? Legends é nossa loja. Nós fizemos Legends, porque apenas um pode ser uma lenda. Você pode ser qualquer tipo de lenda, um professor da escola, um agricultor, um jornalista, um homem de negócios, um atleta… uma lenda… por isso queremos criar lendas, é um grande sonho, porque espero que um dia cada um descubra a lenda que será. Por isso criamos o Legends. Também fizemos pela experiência: podemos educar as pessoas, mostrar os modos adequados e a etiqueta do charuto e como aproveitá-lo ao máximo.

Foto: KMalonecigars

Qual foi seu primeiro charuto?

Um Monte Cristo. Eu estava em Miami, tivemos dois dias de folga, então eu e o Capitão John Starks levamos nossos companheiros de equipe… não posso te dizer para onde os levei… mas não foi para uma igreja (risos). Agora tenho 55 anos e tenho fumado charutos desde os 27 anos, então são 28 anos. Mas devo dizer que não me considero um especialista.

Então você é um aficionado?

Sim, isso funciona para mim. E a principal coisa com Legends e Karl Malone by La Aurora é ser capaz de trazer amigos com uma paixão por charutos. Você sabe, eu não quero fazer você fumar meu charuto, nós apenas sentamos e fumamos: eu quero saber algo sobre você, sobre sua família, seus hobbies. Para mim, quando estamos apenas fumando um charuto, ele rompe uma lacuna, seja um charuto de 10 dólares, de 75 dólares, edição limitada, o que você quiser … Nós conversamos um com o outro. Isso é o que faz meu charuto ser bom para mim, estar com alguém, aproveitar o nosso tempo e, quando saímos, sabemos algo sobre o outro.

Qual foi o obstáculo mais difícil que você teve em sua vida?

Eu diria a infância. Não tive pai, apenas minha mãe, e todos nós trabalhávamos, eu entendi como trabalhar da maneira que faço até hoje. Não tenho medo de morrer, mas tenho medo de falhar. Quando eu falho, eu deixo tantas pessoas pra baixo… Nenhum de nós quer saber quando é a nossa hora, mas quando ela chega, deixamos uma família inteira, uma geração inteira, é por isso que eu me esforço para viver e vencer.

Mas você conseguiu quase tudo?

Vocês são jovens, então deixe-me dizer algo: eu quero ser uma pessoa melhor, um marido melhor, um pai melhor, um amigo melhor. Um ser humano melhor. Eu posso melhorar isso todos os dias, é o que eu tento fazer. Mas eu sei quando estou tendo um dia ruim, e por causa daquele dia, eu não vou descontar em você. Eu não sou diferente de ninguém, eu só tinha a arte de jogar e me tornei um jogador decente, ou muito bom, porém, não é por causa do meu nome que eu tenho o direito de desrespeitar você ou qualquer outra pessoa. Quando você está aqui em cima, é tudo que você vê, mas quando você está aqui embaixo, você vê tudo. Quando criança, meu avô dizia que, se você vai ter 69 anos, fique humilde e esteja no nível daquele com quem conversa. É por isso que eu gosto de conversar olhando diretamente no olho da outra pessoa. Quando eu cheguei aqui, a primeira coisa que eu prestei atenção foi no Sr. Leon, e eu não estou apenas dizendo isso porque estamos na fábrica, eu o vi andar pela fábrica, falar com as pessoas, com os funcionários e por isso estamos aqui hoje.

Eles são uma grande família…

Exato, uma grande família. Mas eles precisavam me conhecer. Eu sou um estranho, vamos lá… Eu não estou na família, eu não sou da indústria, não falo espanhol, apenas inglês, mas eles viram algo em mim, mas isso foi nos dois sentidos, eu também vi algo neles. É um bom casamento e agora nós construímos algo especial. Se eles me dissessem amanhã: “Isso foi ótimo, mas não está funcionando para nós”, eu não ficaria chateado. Mas eu nunca iria para outra empresa, independentemente de quem seja e do que me ofereçam. É aqui que me deram uma chance, uma oportunidade e eu sou fiel até morte. É isso aí.

E sobre a sua família e projetos?

A vida é muito curta, e minha família esteve envolvida em cada passo da minha jornada, em tudo, eles estiveram envolvidos. Eu tenho sete filhos, quatro meninas, três meninos e sete netos, quatro meninos e três meninas. Nós esperamos fazer uma grande clínica de basquete aqui na República Dominicana, e eu vou adorar fazer um grande festival com todos os grandes, com outros jogadores de basquete, jogadores de beisebol, muitos atletas daqui inclusive, e para poder fazer parte disso, eles precisam me aceitar em sua cultura, eu preciso trabalhar um pouco no meu espanhol… Nós queremos fazer isso de graça, para mim seria um prazer inacreditável, todos podem chegar no topo. Seria incrível!

Quando vem ao brasil degustar um charuto conosco no Caruso Lounge?

Será um imenso prazer estar no Brasil com vocês e desfrutar de um excelente charuto, basta apenas me convidar. Nunca estive no Brasil, e sempre escutei falar bem de lá.

Foto: Acervo Pessoal Caruso Lounge
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