TABACO E CULTURA EM HAVANA


Evento promovido pelo Museo del Tabaco reúne estudantes e especialistas na capital cubana

POR ALEXANDRE AVELLAR

Um dos eventos mais tradicionais voltados para a capacitação de profissionais da área aconteceu na cidade de Havana, de 20 a 24 de junho. O Simpósio Habana Habanos, promovido pelo Museo del Tabaco e pela Oficina del Historiador de La Ciudad de Habana, entrou na sua sétima edição reunindo especialistas, estudantes, sommeliers e estudiosos de países como Argentina, Brasil, Canadá, Colômbia, Chile, México, Peru, Reino Unido e Cuba para debater temas relacionados ao tabaco. Também nessa semana foi realizada a quinta edição do curso Habanos, Cultura y Maridaje.

As palestras e apresentações aconteceram no Palacio del Segundo Cabo, uma construção neoclássica do ano de 1772, localizada na Plaza de Armas no bairro Habana Vieja, seguidas das degustações, no cigar bar do recém-inaugurado Gran Hotel Manzana Kempinski e no terraço do Hotel Armadores de Santander, que brindava os participantes com uma bela vista da zona portuária da cidade.

Neste ano, o simpósio foi dedicado aos vegueros (plantadores), que foram homenageados na abertura do evento e tiveram seu trabalho de séculos, na colheita do melhor tabaco do mundo, debatido em várias apresentações que abordaram o tema a partir de diferentes pontos de vista.

O simpósio ocupava as manhãs com temas mais técnicos e relacionados não somente ao tabaco, mas também a assuntos envolvendo a cultura e a história de Havana. Entre os principais assuntos estavam questões ligadas ao desenvolvimento tecnológico e científico da indústria do tabaco cubano frente às mudanças climáticas, ao trabalho dos vegueros e à presença e aos impactos do tabaco nas artes e na cultura do povo cubano.

O curso Habanos, Cultura y Maridaje tinha um foco mais prático, contemplando de forma mais objetiva os charutos e as harmonizações com o rum e o café cubanos. As três grandes regiões produtoras de Cuba (ocidental, central e oriental) tiveram um destaque especial, e as particularidades de cada uma delas e os impactos nas características da bebida foram expostos por maestros roneros das principais produtoras e debatidos entre os participantes.

As degustações e harmonizações foram conduzidas por Fernando Fernández Milián, professor do Sistema de Formación de Profesionales para el Turismo (FORMATUR) e assessor da Havana Club International S.A. e da Habanos S.A., Juan Jesus Machin, habanos sommelier, e José Luis Fernandez Maique, ex-vice-presidente comercial da Habanos S.A.

Temas como comunicação e marketing também foram abordados no penúltimo dia. Nessa data, tive a honra de me apresentar com a palestra La Importância de la Comunicación en la Comercialización de los Habanos e, na sequência, Roberto Delgado Pérez, supervisor internacional de Mercados da Habanos S.A., falou sobre a comercialização dos Habanos e sobre os desafios das campanhas antitabaco.

O simpósio fechou sua agenda com uma visita a Pinar del Rio, na sexta-feira, dia 23,  passando pelas plantações de dois dos nomes mais importantes da atualidade. Os participantes puderam conhecer as plantações de Hector Luis Prieto, considerado por muitos o melhor produtor de tabaco da atualidade, e depois o grupo foi visitar outro centro sagrado do tabaco, as Vegas Robaina. Neste último, Hirochi Robaina recebeu os participantes para uma breve visita a sua fazenda, e lá todos receberam os certificados de conclusão.

O sábado marcou o encerramento do curso Habanos, Cultura y Maridaje. Esse último dia começou com uma reprise da minha apresentação, seguida por uma apresentação de José Luis Fernández Maique, ex-vice-presidente comercial da Habanos S.A., que discorreu sobre as características e as peculiaridades que fazem dos habanos os melhores charutos do mundo. Finalizando a manhã, outro brasileiro, o especialista em bebidas e charutos César Adames, falou sobre as principais características dos vinhos espumantes e suas possibilidades de harmonização com os charutos. Em seguida, apresentou um resumo sobre seus 25 anos no mundo do tabaco e foi homenageado pelo Museo del Tabaco por sua cooperação durante esse período.

Após o almoço mais uma harmonização de charutos e rum fechou de maneira bem descontraída uma semana de muita informação e cultura em volta desse produto que é motivo de orgulho nacional entre os cubanos e que desperta tanta admiração ao redor do mundo.

O simpósio e o curso são frutos de um incansável trabalho de pesquisa e divulgação da cultura tabaqueira cubana encabeçado por Zoe Nocedo Primo, diretora do Museo del Tabaco, e sua equipe. A cada versão esse evento bienal conta com mais participantes e, para todos os que puderam desfrutar das atividades, já fica a expectativa pela chegada da próxima edição.

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