Versão Brasileira: Cachaças


Harmonização de coquetéis clássicos com o charuto Partagas Culebras

O Caruso Journal combina a identidade de coquetéis clássicos com os sabores das cachaças brasileiras

Por André Zanete

Um pequeno guarda-chuva de papel e uma casca de laranja no copo não fazem de uma bebida um coquetel. Nem o suco ou refresco quando adicionados em uma dose de rum ou vodka. Para se fazer um coquetel é preciso de algumas coisas: água, açúcar, bitter e, principalmente, destilados.

Sua origem é bastante remota. Na Idade Média já se misturavam sucos de frutas aos destilados, já que estes tinham graduação alcoólica bem elevada. Na Grécia Antiga, o vinho era misturado com mel de abelhas ou mesmo vinagres para dissolver seu gosto, tendo assim um “coquetel”. Apesar dessas misturas, muitas pessoas datam o coquetel como uma invenção de 1800.

Essas combinações primitivas acabaram evoluindo e ficando cada vez mais elaboradas. Um grande responsável por isso foi Jerry Thomas, um bartender americano que trabalhou por toda a América e Europa. O “Professor”, como é conhecido, escreveu o primeiro livro de receitas para bartenders – “The Bartender’s Guide” (1862) – uma enciclopédia de coquetéis que virou uma espécie de bíblia para os bartenders.

A Inglaterra é creditada como o local de consolidação e amadurecimento da habilidade técnica na manipulação e na combinação de bebidas. Entretanto, foram os americanos que realmente popularizaram e consagraram o coquetel – por isso muitos acreditam que é uma invenção americana – , ironicamente durante a Lei Seca (1920-1933). O coquetel foi uma forma que as pessoas acharam para amenizar o terrível gosto das bebidas fabricadas ilegalmente e também uma forma disfarçada de beber e não chamar a atenção das autoridades – nessa época que as decorações foram surgindo.

Na coquetelaria, a guarnição completa um coquetel tanto esteticamente quanto em sua composição. Existem diversos tipos de guarnições e infinitas possibilidades nesse incrível mundo da coquetelaria, procure elementos que se completem e se intensifiquem sem que haja conflito entre os sabores. A guarnição é o toque final do coquetel então é de extrema importância que seja bem selecionada. O mais comum é a escolha por frutas cítricas – como laranja e limão – mas ervas aromáticas, hortelã e manjericão também são usadas para compor um coquetel.

Frutas são os tipos mais comuns de guarnições para coquetéis

SHAKEN, NOT STIRRED

Você já deve ter percebido que cada coquetel é preparado de uma maneira diferente. Existem três métodos clássicos de se fazer um coquetel. O mais fácil é o drinque montado, em que as bebidas são apenas despejadas no copo. Os outros dois, mais conhecidos, são os drinques batidos e os mexidos.

Um coquetel mexido é aquele em que a densidade das bebidas é igual e o que se busca é apenas misturar os ingredientes, sem alterar a textura e a aparência, bastando apenas utilizar uma Bailarina (colher de haste longa) e um mixing glass. Entre os coquetéis mexidos figuram alguns clássicos: Manhattan, Negroni e Old fashioned.
O drinque batido, ao contrário, se faz necessário utilizar uma coqueteleira para misturar as bebidas com densidade e textura das bebidas diferentes. Pisco Sour, Margarita e Gin Fizz estão entre alguns dos coquetéis batidos.

Drinques mexidos precisam ser mexidos e drinques batidos precisam ser batidos. Bater drinques mexidos pode arruiná-los. Vamos usar como exemplo o Dry Martini – sim, pois James Bond estava pedindo a bebida de forma errada. Um Martini batido na coqueteleira com gelo perde tanto no visual – fica turvo e arenoso, além de perder a textura aveludada – quanto no paladar – o gim perde a potência e fica mais diluído que o normal. Ao mesmo tempo, se você não bater bebidas de texturas e densidades diferentes, a cada gole o drinque apresentará um sabor diferente e sem harmonia.

Em conjunto com o crítico enogastrônomico Thomas Ziemer e com a ajuda do bartender Sidney Oliveira, convidamos dois associados da casa para participarem de uma experiência. Substituímos a bebida base de três coquetéis clássicos por cachaças brasileiras para ver como a cachaça modifica o sabor do drink e como o novo drink harmoniza com o charuto Partagas Culebras.

NEGRONI

Este coquetel é um clássico que mistura Gin, Vermute e Campari. Sua origem exata é desconhecida, mas sua a história mais famosa é datada no ano de 1919, no Caffè Casoni (atualmente chamado de Caffè Giacosa), localizado na cidade italiana de Florença. O Conde Camillo Negroni era um frequentador assíduo do Caffè e grande amigo do bartender Fosco Scarselli. Certo dia, Camillo pediu para Fosco incrementar seu coquetel favorito – o Americano – substituindo a água gaseificada por Gin. Scarselli acrescentou ainda um pedaço de casca de laranja para enfeitar o drink, ao invés do limão que geralmente vem no Americano. A nova receita foi um sucesso, todos estavam indo ao bar para pedir um “Negroni”. Em nossa versão, substituímos o Gin pela cachaça ESALQ USP e nosso bartender optou por utilizar uma fatia de laranja desidratada para enfeitar mais a bebida.

DAIQUIRI

Seu nome é emprestado da pequena aldeia Daiquirí, na ilha de Cuba, local onde foi criado por um americano que se viu sem Gin para entreter seus amigos após dias de trabalho sob sol escaldante. Jenning Cox misturou suco de limão, açúcar e rum em um copo cheio de gelo, o resultado foi uma bebida que encantou seus amigos, além de membros da Marinha Americana, que estavam em Cuba por causa da Guerra Hispano-Americana. Mas há quem diga que os americanos apenas aprimoraram uma \mistura que os mineradores e soldados cubanos levavam preso à cintura, uma espécie de limonada doce e rum que repunha as energias gastas e dava coragem para enfrentarem longas batalhas. A cachaça Yaguara Ouro substituiu o rum na nova versão.

MOJITO

Para finalizar, um dos coquetéis mais antigos da ilha de Cuba. No século XVI quando o explorador Sir Francis Drake desembarcou na cidade de Havana, com intenções de saquear o ouro da cidade. A invasão fracassou, mas Richard Drake, um dos associados de Francis, criou uma bebida que seria a primeira versão do Mojito – El Draque (aguardente, açúcar, limão e hortelã). Outros acreditam que foi inventado por escravos africanos que trabalhavam nas plantações de cana de açúcar. O nome “Mojito” deriva da palavra africana “Mojo”, que significa colocar um pequeno feitiço. Como pode ser visto no filme 007 – Um Novo Dia Para Morrer, na cena em que James Bond, interpretado por Pierce Brosnan, usa o Mojito para seduzir Jynx, interpretada por Halle Berry. A bebida é preparada com Run (substituído pela cachaça ESALQ Barril de Amendoim), suco de limão, folhas de hortelã e club soda.

PARTAGÁS CULEBRAS

Já que estamos falando um pouco sobre a história desses coquetéis clássicos, nada mais justo que contar um pouco sobre este curioso charuto. Fazer um Culebras exige imensa habilidade do torcedor, que trabalha com três charutos úmidos, para evitar o rompimento das capas na hora de trançar o charuto. Reza a lenda que este puro nasceu no século XIX, quando os trabalhadores das fábricas de charutos podiam fazer e levar para casa um exemplar por dia. Ciente disso, um dos trabalhadores entrelaçou três panaletas e montou “um” charuto.

O Partagas Culebras (39 x 149mm) vem um uma caixinha de cedro individual e apresenta o blend típico dos Partagas e boa queima, além de ser uma boa opção para compartilhar com os amigos.

 

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