Saiba mais sobre a história de uma das principais marcas da Habanos S.A.
Por Alexandre Avellar
Na sala vip da La Casa del Habano situada na Calle Industria 520, em Havana, não há como não notar o quadro de um senhor com o cabelo impecavelmente penteado de bigode e uma barbicha que quase chega à gravata borboleta de um traje elegante do século XIX. O senhor parece observar com orgulho, em meio à fumaça, os aficionados que ali se sentam para degustar um bom habano e os curiosos que abrem a porta por alguns segundos para saber o que acontece dentro desta pequena, mas movimentada sala.
Este é Dom Jaime Partagás, um catalão que deixou sua terra natal aos 14 anos de idade, em 1831, para tentar a vida em Havana, a capital da colônia espanhola Cuba, onde muitos de seus conterrâneos vinham em busca de novos ares e oportunidades.
Aos 18 anos foi trabalhar com tabaco por influência de compatriotas e de membros da sua família que já estavam neste ramo no novo mundo. Em 1838 começou a produzir charutos em uma pequena loja e alguns anos depois, em 1845, utilizando recursos próprios e de sua esposa, fundou a fábrica Flor de Tabacos de Partagás y Compañia.
A Partagás, como ficou conhecida desde sua fundação, devido ao talento de dedicação de seu fundador, rapidamente ganhou fama e respeito no mundo dos charutos Cubanos. Em 1868, Dom Jaime foi assassinado em uma de suas plantações e os negócios passaram a ser conduzidos por seu filho, José Partagás.
Alguns anos depois a fábrica foi vendida e seu controle passou por várias mudanças até que em 1960 o governo revolucionário de Fidel Castro nacionalizou essa e outras tantas marcas de charutos no país. No entanto a marca seguiu sendo produzida e é hoje uma das principais marcas da Habanos S.A.. Seu rico e intenso sabor são rapidamente reconhecidos pelos aficionados e o Partagás Série D no.4, o robusto da marca, é hoje o charuto cubano mais vendido no mundo.
Com uma localização privilegiada, a fábrica estava situada atrás do Capitólio de Havana, um dos pontos turísticos mais emblemáticos de Cuba. Isso contribuiu muito para a exposição da marca e fez da fábrica da Partagás a mais visitada dentre as fábricas de charutos do país. Em 1991 foi aberta uma loja de charutos para aproveitar o fluxo de turistas que visitava a fábrica e em 1993 esta loja passou a ter a chancela La Casa del Habano.
Após a abertura da La Casa del Habano a marca passou a ter uma relação mais próxima com seus admiradores que passaram a ter um espaço para a compra e degustação de seus charutos dentro da icônica fábrica da Partagás. Esta relação ficou tão próxima, que funcionários da LCDH começaram a se reunir com os clientes para fazerem passeios e atividades relacionadas ao charutos e a gastronomia. A brincadeira foi ficando séria que essas reuniões se transformaram em um dos principais eventos para amantes do bom charuto no mundo e foi batizado de Encontro de Amigos e Clientes de Partagás.
Há pouco mais de 5 anos a fábrica da Partagás se mudou para a Calle San Carlos, número 816, pois o prédio atual precisou passar por reformas, e é certo que a fábrica não retornará ao endereço que a fez famosa no mundo dos charutos.
A boa notícia para os fãs da marca é que a LCDH de Partagás segue em funcionamento e a fachada histórica do prédio continua no seu endereço clássico sendo um dos cartões postais da cidade.
XXXI Encontro de Amigos y Clientes de Partagás
O maior encontro entre amantes dos puros cubanos no mundo se aproxima e aqui você confere a programação. O Encontro de Amigos de Partagás acontecerá de 12 a 16 de novembro na cidade de Havana em Cuba. Este ano o evento promete ser ainda mais especial, pois celebra também os 25 anos da La Casa del Habano da antiga fábrica da Partagás.
Como já é padrão do evento, aficionados de várias partes do planeta participarão de atividades no campo e praia, além de desfrutar de coquetéis e jantares, tudo isso acompanhado do melhor charuto do mundo.
Os preços ainda estão em fechamento, mas segundo a organização do evento os valores não ultrapassarão o patamar do último ano.
Segunda Feira 12 de Novembro – Credenciamento na antiga Fábrica da Partagás.
Terça Feira 13 de Novembro – Noite de Boas Vindas no Hotel Nacional.
Quarta Feira 14 de Novembro – Dia no campo. Saída de Havana para um almoço campesino em uma finca em Matanzas. No final da tarde os participantes seguem para Varadero para um jantar especial na praia.
Quinta Feira 15 de Novembro – Dia na praia. Após pernoitarem em Varadero os participantes seguem de catamarã para Cayo Blanco, onde desfrutarão de atividades aquáticas e um almoço marinero. No final da tarde retornam à Havana.
Sexta Feira 16 de Novembro – Noite de Gala no Salón de Embajadores do Hotel Habana Libre.
Hotel Partagás?
Quando a tradicional fábrica da marca Partagás mudou suas atividades do tradicional endereço da Calle Industria 520 para a Calle San Carlos 816 o mundo do tabaco ficou em choque. Era a mudança de um dos endereços mais emblemáticos e representativos no universo dos charutos Cubanos.
A verdade é que a estrutura centenária da antiga fábrica precisava de reparos e seria impossível manter a produção nos patamares exigidos pela Habanos S.A. juntamente com as obras de recuperação.
Outra notícia causou ainda mais surpresa, quando divulgou-se que o prédio nunca mais abrigaria a fábrica da marca. Até julho deste ano, o que se comentava no meio era que após as reformas, o espaço seria ocupado pelo Museo del Tabaco de Cuba. Nada mais justo para um endereço com tanta importância histórica para o mundo do tabaco abrigar não somente a história de uma marca, mas sim de toda a indústria tabaqueira cubana.
Mas atualmente em Cuba alguns planos mudam constantemente. Desde junho deste ano a notícia de que um hotel seria construído no local começou a correr e foi prontamente confirmada por pessoas ligadas a administração da loja e da Habanos. O empreendimento ficará a cargo de um grupo espanhol em parceria com a Gaviota (empresa cubana que investe no ramo de turismo).
Sim. Um hotel será construído no lote ao lado da antiga fábrica da Partagás e a estrutura da mesma será utilizada para algumas partes do hotel. Ainda em fase de projeto, as obras deverão iniciar-se somente em julho de 2019, mas algumas decisões já estão sendo tomadas.
A principal delas, talvez, para os aficionados é a de que a La Casa del Habano seguirá em funcionamento durante as obras e passará por algumas melhorias após a conclusão do hotel mantendo suas características principais.
Grecia Quiñones, Gerente da casa, estava apreensiva até que a definição sobre a manutenção da tabacaria neste mesmo endereço fosse confirmada, pois até mesmo um novo endereço para o funcionamento da casa já estava sendo cogitado. “Em Cuba quando se pensa em Mojito, se pensa na La Bodeguita del Medio, quando se fala em Daiquiri, se fala no El Floridita e quando se pensa em charutos, se pensa na LCDH de Partagás”, diz Grecia.
A confirmação foi um alívio também para todos os funcionários da casa e para os clientes e amigos da LCDH de Partagás que tem essa marca quase como uma religião e sua loja como o templo sagrado.
Ao que parece, os novos caminhos são definitivos. Resta somente saber até quando.
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