Manufaturas brasileiras apresentam seus novos produtos para 2020 – POR ALEXANDRE AVELLAR
Desde sua criação, em 2017, o Festival Origens se tornou um marco
no cenário nacional. Imagine você poder conhecer toda a cadeia
produtiva deste produto que tanto nos encanta, desde o plantio,
passando pelo beneficiamento até as fábricas. Para muitos, o festival
proporcionava uma oportunidade única de conhecer um pouco mais sobre
os charutos e conhecer pessoalmente as figuras que estão à frente das
principais manufaturas nacionais.
Outro ponto que também caracterizava o evento era a apresentação de novos produtos para o Mercado nacional e a possibilidade de cancelamento do evento (que posteriormente se confirmou) colocava em xeque o principal palco para o lançamento das novidades.
Apesar da pandemia e de uma queda inicial na demanda, os meses que se
seguiram começaram a sinalizar um aumento na demanda pelos produtos
nacionais e várias manufaturas se aproveitaram do momento para seguir
com os planos que haviam feito no início do ano e a buscar uma nova
maneira para fazê-lo. Se era para seguir os planos, a Leite e Alves embalou.
A empresa apresentou nada menos que três novidades neste ano, sendo
que duas delas estavam preparadas para o Festival Origens.
A primeira novidade foi o lançamento da linha Besuki. Na verdade, a
intenção aqui foi somente a troca da capa da linha tradicional da Leite
e Alves, que antes utilizava a Mata Fina, pela capa Besuki produzida na
Indonésia. A manufatura fez a mudança de todas as capas da linha da Leite e Alves com exceção do Quadrado que mantém a composição tradicional
com a capa Mata Fina.
Os outros dois lançamentos que estavam previstos para serem apresentados
no Festival Origens já estão no mercado; o Le Cigar Júnior Double
Wrapper e o Leite e Alves Robusto Rústico. O primeiro é produzido com
duas capas para produzir um efeito visual no charuto. Na novidade, a
manufatura utiliza na sua capa uma variedade cubana plantada aqui no
Brasil que Renato chama de Criollo Tradicional. A produção da capa mais clara foi feita na região da Mata Fina e a mais escura na Mata Norte. “Além do efeito visual, durante a degustação é possível notar diferenças de nuances à medida que a queima vai passando pelas duas capas” diz Renato. Esta é uma produção Limitada de 200 caixas com 25 unidades.
Já o Leite e Alves Robusto Rústico foi criado para celebrar os 450 anos de
plantio de tabaco na região. Esse charuto remonta as origens não só pela
homenagem como também pela sua construção. O Brasil tradicionalmente
é um exportador de matéria prima e a construção utilizada, com a cabeça levemente mais fina e já aberto na cabeça, revisita a maneira como os charutos eram enrolados na época em que a intenção era somente permitir a experimentação da matéria prima que se ia exportar, sem grandes preocupações com a estética. Para a novidade a Leite e Alves utilizou 100% Mata Fina, mas ao contrário das outras linhas da marca, utiliza tabacos colhidos com a técnica stalk cut onde a planta é cortada inteira com seu caule e colocada para secar. Outra inovação é a utilização de tabaco de sol também para a capa (as capas tradicionalmente são plantadas com uma proteção de tela o que torna as capas mais finas).
Outra manufatura a apresentar recentemente seu lançamento foi a Monte
Pascal com o Wide Churchill Reserva Mata Ouro. Essa bitola que é um
sucesso de vendas no mundo por proporcionar uma degustação com um
bom volume de fumaça na boca devido ao seu cepo (55), mas sem ser
tão longa (130mm de comprimento). “Nós estamos em contato constante
com os lojistas e acompanhando os movimentos do mercado e essa bitola
agrada muito os paladares sendo uma das líderes de venda no país. Nada
mais adequado para esse lançamento que oferecer uma opção da bitola
feita com tabaco nacional” diz Rodrigo Gorga da Monte Pascoal.
A novidade utiliza 100% de tabacos Mata Ouro e passou por um
envelhecimento de 12 meses antes de chegar ao mercado. “Outro ponto
importante foi a concepção do blend. Esse charuto proporciona uma grande
evolução durante a degustação e alcança seu pico de sabor justamente no
terceiro terço. É um charuto pra se fumar até o final” acrescenta Rodrigo.
Segundo a Monte Pascoal, esse charuto foi criado a partir de todas as
experiências dos lançamentos recentes anteriores e promete ser o melhor
charuto já produzido pela empresa. Outro detalhe que chama a atenção é
seu acabamento com uma bela anilha em preto e prata com uma segunda
anilha no pé. Apesar de ser uma série limitada, a manufatura não revelou
a quantidade de unidades produzidas.
A Dannemann trouxe para o mercado não exatamente uma novidade,
mas o relançamento de um grande sucesso. O Dannemann Elementum
foi apresentado no Festival Origens de 2018 como uma edição limitada.
Com tabacos das premiadas safras de 2003 e 2006 essa edição se esgotou
rapidamente e deixou saudades nos fãs da marca. “Tínhamos ainda um
volume de tabacos 2003 armazenados e devido ao sucesso do primeiro
lançamento decidimos aproveitar esse estoque para trazer uma segunda edição do Elementum” afirma Geraldo Menezes da Dannemann. “Estávamos também trabalhando em um novo blend para ser lançado
no Festival, mas com o cancelamento do evento, preferimos trabalhar
um pouco mais no seu desenvolvimento e deixar a novidade para o ano
que vem”.
A Menendez Amerino, das grandes manufaturas presentes no Festival
Origens, também preferiu deixar para o ano que vem a novidade que
haviam preparado. A empresa experimentou um grande aumento
de demanda por seus charutos em 2020 e decidiu manter o foco no
abastecimento do mercado de suas linhas já consagradas. Rogério Ferraz,
Diretor Comercial, diz “O ano de 2020 foi um ano desafiador para a
empresa. Após uma queda pontual no início da pandemia, a demanda
por nossos produtos cresceu a cada mês. Nossa principal preocupação
foi atender a demanda do mercado no alto padrão de qualidade pela
qual nossa empresa é reconhecida. Apesar de estarmos trabalhando
em uma novidade, optamos por postergar essa apresentação. Mas com certeza em 2021 vem coisa muito boa por aí”.
Se por um lado a pandemia e o cancelamento do Festival Origens
geraram uma preocupação nas manufaturas nacionais, o decorrer do
ano demonstrou que o mercado está se consolidando cada vez mais e
que as empresas têm encontrado as maneiras certas de surpreender os
consumidores cada vez mais ávidos por novidades.