UMA HISTÓRIA ENTRE BRUMAS


Marca Montecristo celebra 82 anos mantendo mistério em torno de seu surgimento

Por Alexandre Avellar

Não há como falar de charutos sem se lembrar de Montecristo. A marca, que celebra seu 82º aniversário, é uma das principais referências, senão a principal, quando se fala de um habano.

Como muitas histórias relacionadas ao charuto, há duas versões para o nascimento dela. A primeira, e mais conhecida, diz que esta conceituada marca nasceu da paixão dos enroladores de charutos (torcedores de tabaco, como são chamados em Cuba) pelo romance do francês Alexandre Dumas (1803-1870), O Conde de Montecristo.

Enquanto produzem os charutos, os torcedores se informam e se distraem por meio de notícias, livros e outros textos que são lidos por uma figura também muito importante dentro das fábricas: o lector de tabaqueria.

Foi na fábrica H. Upmann, em Havana, no ano de 1935, que os trabalhadores decidiram homenagear um de seus romances favoritos com uma linha especial de charutos.

Outra versão da história desta criação é a de que Alonso Menéndez e José Garcia, proprietários da H. Upmann, estavam buscando uma nova marca para explorar os mercados norte-americano e inglês e acreditavam que este era um nome com apelointeressante para a nova empreitada.

O fato é que, inicialmente, a marca foi chamada de H. Upmann Montecristo, pois consistia de uma linha dentro desta tradicional fábrica, e contava com cinco bitolas numeradas de um a cinco.

Os Montecristo foram prontamente comercializados nos Estados Unidos e, um ano depois, Menéndez e Garcia entregaram a distribuição da nova linha na Grã-Bretanha para a Stanley Phillips. No entanto, a marca H. Upmann já era distribuída nesse mercado pela alemã Frankau & Co., o que os levou a batizarem a nova linha somente com a marca Montecristo.

A partir daí a Montecristo cresceu em prestígio e tornou-se uma das principais marcas de charutos, com grande reconhecimento internacional. Não por acaso, uma de suas bitolas, a Montecristo No4, foi por anos o cubano mais vendido no mundo. Estudos recentes revelam que as relações entre a obra de Dumas e os habanos começaram logo após seu lançamento. O Conde de Montecristo foi publicado em capítulos no jornal Diário de la Marina, e logo caiu nas graças do povo da ilha. O romance inspirou a criação de duas marcas de charutos quase simultaneamente nesse período: a El Conde de Montecristo, registrada em Matanzas por José Maratí, e a Montecristo, de propriedade de José Valdés, registrada em Havana. Ambas não tiveram muito sucesso e não possuíram nenhuma relação com a Montecristo que conhecemos hoje.

 

O ano de 2017 também foi muito especial para a marca. A Montecristo foi a principal homenageada do 19o Festival del Habano, em que apresentou sua mais nova linha, a 1935. Esta novidade é a primeira linha de perfil de sabor forte dentro da marca, que já contava com uma linha de sabor médio a forte na sua linha clássica, e outra de sabor médio, na linha Open.

A linha 1935 tem três novas bitolas, sendo que duas delas são inéditas no bitolário da Habanos: Dumas (cepo 49 e 130mm de comprimento) e Maltés (cepo 53 e 153mm de comprimento). A terceira bitola é chamada de Leyenda (cepo 55 e 165mm de comprimento), mas está nas mesmas dimensões da edição especial Montecristo 80 Aniversário, uma produção limitada em comemoração ao aniversário da marca.

As embalagens da linha 1935 também seguem o padrão do Montecristo 80 Aniversário, com caixas laqueadas em marrom, com 20 unidades em cada. Os charutos vêm com a tradicional anilha da marca seguida de outra com o nome da linha e a bitola. Uma terceira anilha – no pé do charuto, com a tradicional flor-de-lis, dá um aspecto ainda mais atrativo a esses puros, que prometem se converter em um grande sucesso de vendas.

 

Matéria retirada da 2ªEdição do Caruso Journal

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