É muito comum as pessoas confundirem Armagnac com Cognac, seu primo mais famoso. Os dois pertencem à família dos brandies, que ainda tem Jerez, Pisco, Grappa, Bagaceira, entre outros produtos
Por Cesar Adames
Considerado por muitos um dos destilados mais antigos do mundo, a produção do cognac é iniciada na cidade homônima, na França, por volta de 1300. Ele é obtido a partir da destilação do vinho que tem uma graduação alcoólica final de 40 a 60%. Seu nome vem da indicação de procedência da região homônima da França.
Para sua produção são utilizadas variedades viníferas brancas, como Ugni Blanc, Folle Blanche e Colombard. Após a colheita das uvas, parte-se para o processo de vinificação, quando é extraído um vinho ácido e de baixo teor alcoólico. Os produtores de Cognac descobriram que destilando duas vezes esse líquido, ou seja, levando o vinho à ebulição e recuperando a parte da bebida com maior proporção de álcool seria possível obter uma bebida deliciosa.
Após a obtenção da eau de vie, outro nome dado à bebida, o produto fica em repouso em barris de carvalho por anos e anos. Nesse período ele vai adquirindo uma cor âmbar e ganhando sabores obtidos com maturação em madeira. Depois desse período de descanso o master blender de cada casa de Cognac dispõe de matéria-prima necessária para a elaboração de suas mesclas, mantendo a consistência de cada marca através do tempo.
As variações de idades são apresentadas nos rótulos de cada cognac. As mais comuns são a VS (Very Special), em que a bebida mais jovem tem no mínimo dois anos de envelhecimento, a VSOP (Very Special Old Pale) na qual a idade média do Cognac é de 12 a 20 anos, e a X.O. (Extra Old), com cerca de duas a quatro décadas.
Armagnac
No ano de 1310, um padre francês da cidade de Eauze chamado Vital Dufour descreveu os benefícios para a saúde de uma eau de vie conhecida como aygue ardente. Em suas anotações ele mencionava mais de 40 usos para a aygue ardente nome pelo qual o armagnac era conhecido naquela época. Este documento, anos depois, acabou sendo o primeiro registro e referência a essa bebida.
O Armagnac é produzido na França nas regiões de Gers, Landes e Lot-et-Garonne no local antigamente conhecido como Gasconha. O triângulo formado pelas cidades de Bordeaux, Toulouse e Pau delimita e demarca, por decreto de lei do governo francês, desde maio de 1909, a região com a denominação Appellation Controllés Armagnac.
O Armagnac é produzido unicamente com vinhos brancos de dez castas distintas. As mais comuns são Ugni Blanc ou Saint-Emilion, Colombard, Baco 22A e Folle Blanche. Estas variedades produzem um vinho-base muito ácido, ótimo para a destilação.
A região demarcada de Armagnac se divide em três sub-regiões; Bas -Armagnac, Ténarè e Haut-Armagnac. Ele pode ser classificado nas seguintes categorias: 3 Étoile (3 estrelas) ou VS (Very Special), mínimo de dois anos de
envelhecimento; VSOP (Very Special Old Pale), de quatro anos de envelhecimento; Napoléon, mínimo de seis anos de envelhecimento; XO (Extra Old) ou Hors D’Âge, envelhecimento de dez anos ou mais; e XO Premium, envelhecimento de 20 anos ou mais. Ainda existe a possibilidade de eles serem Millésimés, Armagnacs que provêm de uma única colheita e têm o ano destacado no rótulo.
Cognac x Armagnac
Além de serem produzidos em regiões demarcadas distintas, as variedades de uvas também são diferentes. Mas talvez o maior diferencial entre eles seja o processo de destilação. Enquanto o Cognac é destilado duas vezes, o Armagnac passa por apenas uma destilação. Isso faz com que a bebida final seja muito mais potente e persistente em sabor, sem alterar o teor alcoólico, que é de 40%, nas duas bebidas. Por conta disso, uma boa sugestão de harmonização é a de degustar charutos mais suaves com Cognac, e mais potentes com Armagnac.
As duas bebidas vão para barris de madeira e ficam envelhecendo por tempos distintos. Como produto final o armagnac fica disponível para consumo mais rápido que o cognac, que costuma ficar em barris entre 20 e 60 anos.
Matéria retirada da 1ª Edição do Caruso Journal
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