Caruso Journal entrevista Christiano Protti, Embaixador da destilaria Glenfiddich, e profundo conhecedor da arte dos uísques Single Malt
Por Juliana Albuquerque
Nascido em Recife, com pais gaúchos descendentes de italianos, Christiano Protti cresceu no Rio de Janeiro e se tornou um aficionado por uísques desde bem jovem. O Embaixador Glenfiddich para a América Latina, marca de single malt que integra o portfólio de uísques da William Grant & Sons, sempre foi um curioso pela história das bebidas e da gastronomia. Filho de restaurateur, ele cresceu em uma família que tem admiração pela arte da boa mesa.
A destilaria Glenfiddich foi fundada há 130 anos, na noite de Natal de 1887, por William Grant e seus nove filhos – daí o nome da companhia – e foi primeiro negócio da família na arte da produção de uísques. Até 1963 os uísques single malt eram em sua maioria vendidos para compor a produção dos uísques Blended Scotch. Foi neste ano de 1963 que o bisneto de William Grant, Sandy Gordon, acreditando na qualidade e superioridade de sabor e aroma de Glenfiddich, engarrafou algumas dezenas de unidades e iniciou a comercialização do nosso uísque em escala global. Glenfiddich foi o pioneiro da categoria dos uísques single malt e hoje está presente em mais de 180 países. É o uísque de malte mais premiado e vendido do mundo. Aqui no Brasil encontramos o Glenfiddich nas versões de 12, 15, 18 e 26 anos, mas no exterior nosso portfólio é ainda mais extenso.
“A Glenfiddich é a primeira destilaria de uísque no mundo a abrir para visitação, em 1969. Atualmente, a fábrica recebe por ano mais de 90 mil visitantes”
A Glenfiddich é uma destilaria muito tradicional e referência mundial. Você pode nos contar um pouco sobre a história da marca?
A destilaria Glenfiddich foi fundada há 130 anos, em 1887 por William Grant e foi primeiro negócio da família. Mas os uísques single malt não eram engarrafados até 1963, quando a Glenfiddich teve essa iniciativa e passou a comercializá-los em escala global. Foi o bisneto de William que resolveu engarrafar a bebida e começar a vender. Hoje, está presentes em 187 países e já é a marca no 1 do mundo em vendas de single malts. No Brasil podemos encontrar nossos uísques de 12, 15, 18 e 26 anos. Mas no exterior, a Glenfiddich tem um portfólio bem maior.
Qual a diferença entre um uísque blended e um single malt?
O Blended scotch é criado a partir de uma mistura de uísques de grãos distintos e não maltados podendo ser trigo, centeio, cevada e outros que são destilados em alambiques contínuos de distintas destilarias e então mesclados a uísques de malte tambémproduzidos em diferentes destilarias. Já os single malts como o nome já diz são únicos.
São produzidos unicamente a partir de grãos de cevada maltados e destilados em uma única destilaria. Após o processo de destilação, o líquido chamado de new make spirit é levado para amadurecimento em barris de carvalho europeu ou americano. Somente depois de um período de maturação de no mínimo três anos que poderemos chamar o destilado de uísque Escocês ou Scotch uísque. Como referência a destilaria Glenfiddich está localizada na região de Speyside, nos Highlands Escoceses.
Como são as visitações à Glenfiddich? Conte como é esta experiência…
Glenfiddich foi a primeira destilaria de uísque escocês a abrir suas portas para visitação, em 1969. Anualmente recebemos mais de 90 mil visitantes e somos a que mais recebe visitas. Glenfiddich possui três tipos de tour: o principal, em que é possível degustar o nosso uísque 12 anos, o 15 anos e o 18 anos. Temos também a degustação Solera, em que o visitante prova uísques de 12 ao 21 anos e, depois, aprende mais profundamente como é feito todo o processo de fabricação dos singles malts, e também sobre o processo Solera. O terceiro tipo é o Pioneers tour no qual você percorre a destilaria aprendendo o processo de produção mais profundamente e ao final é recebido na sala privada da família Grant com uma degustação harmonizada de uísques de 12 a 30 anos.
Quais as principais tendências para o mercado brasileiro de Single Malts?
Nosso mercado de single malts ainda é iniciante, está navegando na história do uísque, não está maduro ainda. Aqui, o que ainda se busca mais é o blended scotch, que responde por cerca de 95% dos uísques vendidos contra os 5% que é do single malt. Por isso que estou trabalhando aqui e que os embaixadores existem, para que o consumidor entenda as diferenças e variedades. Queremos que as pessoas vejam a palavra uísque e saibam que não são todos iguais, que não comprem apenas por estarem atraídos por uma garrafa mais chamativa. Percebemos que tem crescido o mercado de single malt no Brasil, mas estamos ainda longe dos níveis internacionais. Temos um longo caminho ainda a percorrer.
“Queremos que as pessoas vejam a palavra uísque e saibam que não são todos iguais. Que entendam as diferenças e variedades dos uísques”
Que pratos você indicaria para uma harmonização com Glenfiddich?
O harmonizador que todo mundo gosta é o chocolate, mas o uísque pode combinar bem com um jantar completo, da entrada à sobremesa. O indicado é harmonizar com pratos de paladar mais intensos, como os com carne vermelha e de caça. Se for harmonizar com peixe, melhor escolher um salmão ou um atum. A ideia é combinar com pratos que tenham sabor mais forte. Tanto que nos rótulos de Glenfiddich tem um cervo, que é um símbolo de força, um animal potente, de caça. E a fábrica fica às margens do rio Fiddich, que significa “rio do cervo”, que tem esse sentido de poder.
Quais são suas sugestões de harmonização de Glenfiddich com charutos?
O fumo pode ser trabalhado para combinar melhor com cada estilo de uísque. O Glenfiddich 12 anos é mais leve em perfume e sabor, mas ele é cremoso e tem maior potência alcoólica, então não é um uísque leve e por isso combina bem com charutos mais intensos, como um médio. O 15 anos é muito equilibrado em intensidade alcóolica, encorpado e saboroso ao mesmo tempo, combina com um charuto mais suave, para não se sobressair ao uísque. Já um charuto mais robusto, combina com o Glenfiddich 18, que é bem perfumado, intenso e saboroso.
O ÚLTIMO TERÇO DO CHARUTO Por André Caruso Sacchi
Diga um lugar que você queira conhecer no mundo, em que ainda não esteve?
Gosto muito de praia, geralmente visito alguma quando viajo. Mas um lugar que estou com muita curiosidade de conhecer é a Rússia. Estou querendo ir para lá durante a Copa do Mundo. Tenho dois colegas russos e eles falam muito bem de São Petersburgo, e estou cada vez mais curioso para conhecer. Também queria visitar Sochi – onde os atletas do Brasil vão ficar e que é um lugar de praia, parece ser uma cidade interessante também.
Qual é o seu hobby?
Eu gosto muito de fazer esportes. Adoro fazer crossfit e musculação, já joguei vôlei também. Como gosto de praia, tento unir as coisas e jogar vôlei de praia, fazer canoagem. Na Escócia, tive uma experiência interessante: pratiquei arco e flecha e tiro ao prato. Foi Sensacional pois vi que tinha habilidade e nem sabia.
Você toma uísque em casa?
Tomo sim, com certeza. Mas não todos os dias. É interessante observar que cada ocasião pede um uísque específico. Um que bebo bastante, que é muito refrescante, rico em aroma e sabor é o Glenfiddich 12 anos. Acho que para quem está começando a tomar single malt é o uísque que é a sua baliza para entender o que é um single malt, a partir dele você parte para os mais suaves e perfumados. Se vou tomar para acompanhar uma sobremesa, aí escolho o Glenfiddich 18 anos, como uma opção de digestivo.
Você já degustou charutos? Gosta?
Gosto e já experimentei algumas vezes, mas não tenho o hábito na minha rotina. Experimento um a cada três meses, mais ou menos. Quando surge a oportunidade de um bom charuto, eu fumo. São universos que se encontram e se complementam, do uísque e do charuto.
Matéria retirada da 4ª Edição do Caruso Journal
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