Por onde andam os gigantes?


Caruso Journal vai em busca dos hoje raros charutos grandes

Por Cesar Adames

Eles já reinaram absolutos por muito tempo em salões de fumadores e conversas animadas de apreciadores de Habanos. Hoje em dia está cada vez mais difícil encontrá-los nas mãos e bocas de quem realmente gosta de um bom charuto. Teriam os gigantes desaparecido completamente da face da Terra?

Apesar de parecer, não estamos falando de dinossauros, mas sim dos grandes charutos nos formatos de galera Gran Corona, com 23,5cm de comprimento e cepo 47, e Prominentes, também conhecidos como Double Corona, com 19,4cm de comprimento e cepo 49.

O tempo de fumada ou degustação desses puros sempre foi o mais alto de todo o bitolário da Habanos S.A. Em média um Double Corona tomava uma hora e meia de tempo, enquanto um Gran Corona bem apreciado podia chegar a quase três horas de prazer.

Um dos primeiros Gran Coronas a serem criados foi o Sancho Panza Sanchos, que é pré-revolução cubana (1960), mas deixou de ser produzido em 2006. Logo depois viria o Montecristo A, criado em 1971 e ainda fabricado, o Punch Diademas Extra de 1980, que parou sua produção em 1988, o Dunhill Havana Club, de 1982 e descontinuado em 1988, e o Romeo y Julieta Fabulosos, de 1985, que durou apenas três anos.

A marca Cohiba também já teve o seu Gran Corona, uma primeira versão chamada de Cohiba A foi criada para um jantar especial em 1994 e depois voltou a ser apresentada em um umidor leiloado durante um Festival del Habano em 2003. Outra variação do formato com o nome de Cohiba Gran Corona esteve presente em dois umidores, o Siglo XXI Millennium Humidor de 1999 e o de 35o Aniversário da marca em 2001.

Hoyo de Monterrey produziu o Particulares, criado em 1980 para ser descontinuado em 1987. Ele chegou a voltar mais duas vezes ao mercado, em 2000, com o nome de Hoyo de Monterrey Particulares Edicion Limitada 2000, e também em 2001, com o mesmo nome e Edicion Limitada 2001.

O Montecristo A de 1971 começou a ser produzido em caixas de madeira envernizadas com 25 charutos. Esta apresentação durou mais de 40 anos, até que sofreu uma repaginação e apareceu em caixa de madeira amarela, tradicional da marca, que contém cinco charutos apresentados em caixas individuais de madeira envernizadas. Com esta mudança é um charuto que é muito difícil de ser encontrado, mesmo em Cuba.

Com um pouco mais de sorte que os Gran Coronas, os Prominentes não chegaram a ser extintos, mas são cada vez mais raros de se verem. Atualmente são apenas seis marcas que produzem esta bitola. Hoyo de Monterrey Double Corona, Punch Double Corona e Partagás Lusitanias, criados pré-revolução (1960). No caso do Partagás Lusitanias, ele ganhou uma versão diferenciada em 2013 com o lançamento da caixa Gran Reserva Cosecha 2007, com folhas de tabaco anejadas por até cinco anos. Em 1976 surgiu o Ramon Allones Gigantes; em 1988, o Saint Luis Rey Proeminentes, que foi descontinuado em 1998 para retornar em 2001 com o nome de Saint Luis Rey Double Coronas; e, finalmente, em 1997 surge o Vegas Robaina Don Alejandro.

Outras marcas também já tiveram seus Prominentes, como as Ediciones Regionais do Bolivar Double Coronas de 2007 (Oriente Médio), Punch Platino de 2009 (Índia) e Sancho Panza Quijote de 2010 (Espanha).  O H. Upmann Prominentes em 2004 foi criado para um umidor especial e ainda tivemos três Ediciones Limitadas, Romeo y Julieta Exhibicion no 2, de 2000, Montecristo Double Corona, em 2001, e o Cohiba Double Corona, em 2003.

A grande dificuldade de encontrar esses charutos hoje em dia pode ser creditada às mudanças das regras e leis antitabagistas, mas também não podemos nos esquecer de que cada vez temos menos tempo para nos dedicarmos a um bom tabaco. Charutos que levam mais de hora e meia para serem consumidos precisam de momentos extremamente especiais, em que sabemos com antecedência que vamos estar em um local que permite sua degustação e que vamos ter realmente o tempo necessário para seu consumo.

 

Matéria retirada da 1ª Edição do Caruso Journal

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