Um ano para esquecer ou para comemorar o aumento do consumo? POR CESAR ADAMES
O ano de 2020 ficará na nossa memória para sempre, ano em que uma pandemia parou o planeta e nos fez pensar na vida, rever hábitos e consumos. No universo do tabaco não foi diferente. Em um primeiro momento o cenário era totalmente pessimista, mas chegando ao final do ano até que temos algumas coisas para comemorar.
Tivemos um aumento considerável no consumo de charutos durante este período. Por não poder sair de casa quem fumava um charuto por dia passou a degustar dois, quem fumava dia sim, dia não passou a fumar todos os dias. Alguns produtores brasileiros tiveram um aumento de 80% na produção e vendas. Mesmo com dificuldades de transporte e recebimento tivemos novos produtos lançados, marcas neste ano, além disso, novos acessórios também começaram a aparecer por aqui.
O mercado dos Cubanos
Para Cris Barros, Diretora de Operações da importadora Emporium Cigars responsável pela distribuição dos charutos cubanos no Brasil, este foi um ano de desafios. A empresa passou por problemas iniciais de abastecimento, pois os charutos sempre vieram por via área, com a pandemia e aeroportos fechados o estoque regulador da empresa quase zerou, mas novas importações chegaram a tempo e até o final do ano ainda teremos mais remessas. A empresa ainda conseguiu introduzir novidades no mercado como o charuto Romeo y Julieta Club Kings, uma petaca de metal com cinco charutos e o Montecristo Supremos Edicion Limitada 2019.
A fronteira do Paraguai fechada e sem os voos internacionais fez com que os contrabandistas de charutos cubanos que representam cerca de 80% do mercado não tivessem mercadoria para oferecer. Isso aumentou a procura pelos verdadeiros “habanos”. Consumidores que viajavam e compravam algumas caixas em tabacarias do exterior também ficaram sem os seus charutos e tiveram que comprar das tabacarias pelo Brasil.
Na metade do ano quem chegou ao mercado foi a marca de charutos Trinidad que agora passa a fazer parte da linha de charutos importados pela Emporium. Na primeira leva chegaram os formatos Vigia e Casilda, mas novos formatos chegam nas novas remessas antes do final do ano. Em 2020 não tivemos o evento Habanos Night, mas Cris comentou que o de 2021 está garantido.
Nicarágua e República Dominicana
Os charutos destes dois países vêm ganhando um grande publico apreciador no Brasil com a chegada de novas marcas e formatos com bastante frequência. Segundo Daniel Babolin, Diretor da Reality Cigars.
Comércio Importação e Exportação que traz várias marcas destes países, o ano vai terminar como um sucesso acima das expectativas.
A pandemia ajudou bastante evitando a entrada de produtos que acabam abastecendo o mercado paralelo além de manter no Brasil os apreciadores que viajavam para os Estados Unidos e sempre voltavam com charutos dominicanos e nicaraguenses. Segundo ele por conta desta situação foi possível ter uma ideia real do mercado de charutos no Brasil.
Em termos de novidade ele divide o tema em duas partes, registros de marcas na Anvisa, que costumam demorar meses, e a importação oficial e chegada da primeira remessa de produtos. Marcas como Joya de Nicarágua, Rosalones, Perla del Mar e Don Pepin já tem registro e devem chegar logo no começo de janeiro. Fratello, Oliva e edições especiais dos charutos Vega Fina chegaram e tiveram uma boa recepção por parte dos apreciadores.
Para Davidoff foi um ano atípico. Com aumento do dólar e novas linhas conseguiu se estabelecer no mercado de luxo, muito por causa da não concorrência desleal com o mercado ilegal, já estão trabalhando para trazer novas marcas em 2021.
Trazendo de novidade a bitola Churchill das linhas WSC (Winston Churchill Churchill) e WSC Late Hour (Winston Churchill Late Hour Churchill).
Puros baianos
O mercado também sorriu para os produtores de charutos nacionais, conversamos com os responsáveis por três empresas na Bahia para escutar suas opiniões.
Lorenzo Orsi, CEO da Tabacos Mata Fina que produz a marca Monte Pascoal conta que não parou sua produção mas teve que reduzir a quantidade de funcionários pois a fábrica que fica em Governador Mangabeira tem funcionários que moram em outras cidades que não puderam chegar por conta dos bloqueios de entrada nas cidades. Isso reduziu, mas não afetou a produção nem o estoque de produtos finalizados. O grande problema foi com o recebimento das tabacarias que tiveram que fechar e não cumpriram o cronograma de pagamentos. Neste momento foi necessário que rever alguns pontos reestruturar os gastos – o que gerou cortes e a migração da loja física para uma virtual. Renegociou com toda cadeia de fornecedores e investiu ainda mais no atendimento on-line que fez com que o faturamento fosse recuperado rapidamente. No final de novembro apresentou ao mercado mais um novo produto: o Monte Pascoal Wide Churchill.
Geraldo de Menezes Diretor da Dannemann Brasil conta que este ano foi melhor que 2019 e a empresa deve terminar o ano com um aumento no faturamento de 11%. Em março as perspectivas eram muito ruins pois ninguém sabia o que viria pela frente. De abril a junho as vendas caíram muito e vários funcionários tiveram a suspensão de contrato pois a empresa não esperava uma recuperação tão intensa. De julho a setemb
ro as vendas explodiram e a empresa não deixou de atender ninguém pois tinha um estoque de reserva para seis meses e os funcionários afastados retornaram no início de dezembro para refazer os estoques.
Na Leite & Alves e Le Cigar segundo o sócio proprietário Renato Madeiro este ano foi muito bom por conta de as pessoas estarem em casa e o consumo ter aumentado. Segundo ele nos últimos meses ocorreu um aumento significativo de mais de 80% nas vendas. A princípio a empresa demitiu alguns funcionários e reduziu a produção, mas já recontratou e atualmente está com mais funcionários que no inicio da pandemia.
Outras novidades
Mesmo com tanta dificuldade o mercado também festejou o surgimento de duas empresas que apresentam equipamentos para armazenar seus charutos. A primeira foi a Sensatti que trouxe para o Brasil quatro modelos de Termoumidores que controlam a temperatura na conservação dos charutos. Outra empresa a KW apresentou um umidor que controla temperatura e umidade em uma peça que comporta até 1.200 charutos.
Na parte de acessórios a empresa Metamorfosi começa a receber os acessórios da francesa Les Fines Lames que produz cortadores, cinzeiros de concreto e apoio descanso para charutos.
A tradicional marca de charutos dominicano La Aurora acaba de desembarcar no Brasil importada pela CR Cigars, Atualmente a empresa tem várias linhas com diferentes formatos.
Começando com duas linhas, La Aurora 107 Equador e La Aurora ADN em dois formatos. A linha de charutos La Aurora 107 é uma homenagem aos 107 da empresa. Ela é composta de três linhas de tabacos do mundo: 107 Equador, 107 Estados Unidos e 107 Nicarágua. A linha que vem para o Brasil é a 107 Equador nos formatos Toro (14 cm de comprimento x 54) Robusto (12,4 cm x 52) e Sumo Short Robusto (10 cm x 58). A capa destes charutos é do Equador, Capote do Vale do Cibao da República Dominicana e miolo da Nicarágua, Perú e República Dominicana.
O La Aurora ADN Andullo é um tabaco difícil de trabalhar, suas folhas são postas para secar e fermentar ao mesmo tempo no sistema Andullo, único na fabricação de charutos; sua força, aroma e doçura, combinados com uma mistura bem equilibrada, proporcionam uma experiência de fumar muito diferente. O ADN tem capa Dominicana do Vale do Cibao, capote Cameron da África e miolo da Nicaragua, Pensilvania (EUA) e Vale do Cibao República Dominicana. Os dois formatos que vem para o Brasil são o Toro (14 cm de comprimento x 54) e o Robusto (12,4 cm x 52).