HABEMUS HABANOS?


Como a pandemia afetou a produção de charutos e aumentou o consumo – POR ALEXANDRE AVELLAR

O ano de 2020 afetou dramaticamente várias atividades ao redor
do mundo. Quando falamos de charuto, os efeitos foram
opostos em duas pontas, produção e consumo. A maioria das
fábricas de charuto no mundo passaram por um período fechadas.
Depois, houve a volta da produção, mas com quadros reduzidos
para se respeitar os distanciamentos necessários para a prevenção de
contaminação por COVID-19.

Por outro lado, o consumo cresceu no mundo todo. Com os lockdowns, as
pessoas passaram mais tempo em casa e, na maioria dos casos, sem muita
coisa para fazer e ocupar a mente naquele período tão difícil. As mudanças
também foram drásticas nos ambientes de trabalho com várias empresas
adotando o regime de home office para seus funcionários. Em ambos os
casos, o consumo de charutos e bebidas foi favorecido, o que resultou em
um boom no consumo destes produtos.

A matemática é simples. O aumento de consumo e diminuição na produção
levou a uma escassez de alguns produtos e quando falamos de charutos
Cubanos, os impactos foram ainda mais sentidos.

A produção dos Habanos que há muito estava estagnada em termos de
unidades (os números de unidades produzidas por ano em Cuba não é
divulgado pela Habanos S.A.) sofreu ainda mais com esse novo cenário
de produção e consumo.

Embora o fornecimento tenha se mantido relativamente estável no ano
de 2020 (após o período inicial da pandemia), os grandes impactos da
redução das jornadas de trabalho nas fábricas cubanas foi mais sentido
justamente no ano de 2021.

O recebimento das caixas para se colocar os charutos, que em sua maioria
são produzidas em outros países, também foi impactado pelas restrições
de transporte aéreo e marítimo para a ilha. Distribuidores da Habanos no
mundo inteiro relataram uma drástica redução na quantidade e variedade
de produtos recebidos em seus países.

Se os consumidores dos puros já estavam habituados com a dificuldade
de acesso à edições especiais como Edições Limitadas, Reserva, Gran
Reserva, entre outros, 2021 foi o ano para se experimentar restrições
também em edições de produção regular como os Romeo y Julieta Wide
Churchill e Partagas Série D no.4 (para citar somente dois produtos muito
consumidos por aqui).

O que esperar para 2022?

A produção nas fábricas cubanas tem retomado gradativamente
ao ritmo pré-pandemia. Se os impactos da redução da produção
em 2020 foram sentidos em 2021, a tendência é que em 2022 já
tenhamos uma melhora no fornecimento dos produtos.

Outro ponto que deve contribuir com a melhoria nos processos
de produção foi a entrada de um novo grupo de investidores,
o Allied Cigar Corp. SL, em abril de 2020, que adquiriu a
participação de 50% da Habanos que pertencia à inglesa Imperial
Brands.

O novo grupo entrou com a promessa de novos investimentos
em toda a cadeia produtiva. Conforme prometido no momento
da aquisição, a Allied Cigar Corp manteve o Quadro Diretivo
que já estava à frente das operações sob o controle anterior, o que
garante estabilidade na gestão feita por profissionais qualificados
e já adaptados aos desafios do mercado.

Com a retomada de produção e os novos investimentos, a
expectativa é que o cenário tenha uma melhora já no ano de 2022,
mas resultados mais efetivos devem ficar somente para 2023.

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