DUELO DE ESTILOS


Com uma legião de apreciadores, o Bourbon e o Tennessee Whiskey são muito parecidos. Mas não são iguais.

POR CESAR ADAMES

Quando pensamos em whisky, normalmente associamos sua produção à Escócia ou à Irlanda. No entanto não podemos esquecer o American Whiskey. O Bourbon, bebida destilada tipicamente americana, está vivendo um boom. Em uma época em que muitas indústrias americanas enfrentam dificuldades, as destilarias do Kentucky e do Tennessee estão faturando com o renascimento de coquetéis clássicos à base de uísque.

O Bourbon teve sua origem com a chegada dos primeiros colonizadores às terras norte-americanas. Os pioneiros, eram na sua maioria, ingleses acostumados a beber cerveja e gim. Outro grupo, proveniente da Escócia e da Irlanda, bebia whisky e trouxe o conhecimento para produzir a bebida no novo mundo. Eles se estabeleceram nos estados da Pensilvânia, de Maryland e da Virgínia e começaram a destilar o whisky com qualquer tipo de grão que estivesse disponível, como milho, cevada ou centeio. Era uma maneira muito interessante de acabar com o excesso da produção de grãos e ter um produto que poderiam trocar por outros bens.

Tempos depois o estado do Kentucky surge como grande produtor por conta da água pura, sem presença de ferro que era fundamental para a destilação do whisky. O nome Bourbon surgiu para diferenciar dos outros whiskies produzidos em outras regiões e era uma  homenagem à Casa Real Francesa, aliada dos americanos na guerra de independência.

Outra história que envolve o nome Bourbon trata da queima do barril que surgiu por conta do reverendo Elijah Craig, que, além dos ofícios religiosos, também destilava a sua bebida. Normalmente ele aproveitava barris que já tinham sido utilizados para armazenar de tudo um pouco, de óleo a peixes. Um dia ele resolveu reciclar o barril mais barato queimando seu interior para eliminar qualquer tipo de resíduo de outro produto ali armazenado anteriormente. Ele colocou seu whisky e lacrou o barril. Depois de algum tempo de envelhecimento e uma viagem do barril a Nova Orleans, uma mágica aconteceu.

 

A bebida ganhou uma cor âmbar, toques amadeirados no sabor e um aroma excepcional. Do lado de fora do barril, estampada na madeira, a indicação de origem Bourbon County, Kentucky (Condado de Bourbon, Kentucky) fez com que as pessoas logo pedissem o Whisky de Bourbon muito mais civilizado que os que eram vendidos por ali.

Em 4 de maio de 1964 o Congresso dos Estados Unidos da América reconheceu o Bourbon como bebida oficial do país e criou normas para a sua produção. Ele deve ser feito com pelo menos 51% de milho, deve ser destilado com não mais de 80% de álcool e armazenado em barris novos de carvalho americano. Ele não deve ser armazenado nos barris com mais de 62,5% de álcool e, caso seu envelhecimento seja de no mínimo dois anos, pode ser chamado de straight Bourbon uísque. Os que tiverem mais de quatro anos devem ter o tempo de envelhecimento no rótulo. Na prática, quase todos os Bourbons vendidos são feitos com mais de dois terços de milho e têm envelhecimento médio de pelo menos quatro anos.

As destilarias mais conhecidas são: Four Roses e Wild Turkey, que ficam na cidade de Lawrenceburg; Heaven Hill, de Bardstown; Jim Beam, de Clermont; Maker’s Mark, de Loreto; e Woodford Reserve, de Versailles.

TENNESSEE WHISKEY

Muitas vezes tratado como Bourbon, o Tennessee Whiskey pode ser considerado um primo mais refinado na família dos uisques americanos. A principal diferença entre o Tennessee Whiskey e o Bourbon está no processo de Charcoal Mellow (filtragem em carvão de Mapple), que faz com que o primeiro seja mais suave que o segundo. Na sua categoria são apenas duas as destilarias que produzem a bebida: George Dickel, com 5% da produção, e, do outro lado, a gigante Jack Daniel’s, com 95%.

Para ver como esses dois estilos de uísque harmonizam com charutos o Caruso Journal convidou um grupo de associados e apresentou três opções: o Tennessee Whiskey Jack Daniels Gentleman Jack e os Bourbons Bulleit e Evan Williams 1783 Small Batch com o charuto Bolivar Royal Corona. Produzido pela Heaven Hill, o Evan Williams, com teor alcóolico de 43%, foi o preferido pelos presentes por conta de sua complexidade para combinar com o potente Bolivar.

Matéria retirada da 3ªEdição do Caruso Journal

 

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